Entrevista a Marilia Ancona-Lopez, Vice-reitora de Graduação da Universidade Paulista (UNIP)
La Doutora Ancona-Lopez es Psicóloga pela Universidade de São Paulo - USP (1964). Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade de São Paulo - PUC.SP (1987). Membro da Comissão de Especialistas de Ensino - Psicologia - MEC (1999). Membro da Comissão do Exame Nacional de Curso - Psicologia -INEP (2000). Membro do Conselho Nacional de Educação - MEC (2002-2006, 2006-2010, 2018- 2022). Vice-presidente da Câmara de ensino Superior do Conselho Nacional de Educação – CNE/MEC(2021-1012)- Membro suplente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – governo federal. (2016, 2017). Membro da Academia de Psicologia de São Paulo. Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1984-2017). Vice-reitora de Graduação da Universidade Paulista, UNIP. Temas trabalhados na área da Educação: Ensino Superior, Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Psicologia, Avaliação de Cursos do Ensino Superior. Temas trabalhados em Psicologia: Psicodiagnóstico Interventivo, Práticas Clínicas, Psicologia e Religião.
Para a senhora, qual é o principal problema do ensino superior no Brasil?
O Brasil é um país enorme e com grandes disparidades regionais ambientais, sociais e culturais. No entanto, a legislação para todo o país é única e desconsidera grande parte dessas diferenças. Do ponto de vista da educação esse é um, maiores problemas. O governo federal deve tomar decisões, estabelecer leis, normas e regras que valham para todo o país. Demandas que poderiam ser feitas para algumas regiões inviabilizariam o ensino em outras, que não teriam condições para atendê-las o que termina por limitar a exigência de qualidade. Tomemos, como exemplo, a necessidade de definir a porcentagem mínima de professores titulados e em tempo integral para a autorização da oferta de cursos superiores. Há um grande número de professores doutores no sul e no sudeste, mas, em outras regiões esse número é muito pequeno. A exigência, portanto, não pode ser alta para que todos os estados possam ter suas universidades com o consequente avanço acadêmico, cultural, profissional e de pesquisa gerado pelo incremento educacional. Por outro lado, a baixa exigência facilita a instalação e manutenção de organizações que atendem ao mínimo estabelecido e não investem na qualidade do ensino e da pesquisa como poderiam.
Quais as principais diferenças entre o ensino superior público e privado?
O ensino superior público, no Brasil, é gratuito e o número de vagas é menor do que o existente nas instituições privadas. Consequentemente, a grande concorrência pelas vagas faz com que apenas os melhores alunos consigam ingressar nas universidades públicas e realizar sua formação sem custo financeiro direto. Como o ensino privado de nível básico e médio é melhor nas escolas particulares, são os seus egressos que preenchem as vagas públicas, em detrimento de alunos que realizaram seus estudos nas escolas gratuitas federais, do governo ou da prefeitura, e que não tem condições de pagar uma instituição de ensino superior privada.
Os gastos com o ensino superior público no Brasil é alto. Não seria melhor para o Governo focar no ensino fundamental antes de investir no ensino superior?
Há diferentes opiniões e justificativas a respeito dessa questão. Hoje, infelizmente, no país, enfrentamos um ciclo vicioso: o ensino superior recebe alunos mal formados e com problemas sérios relacionados ao domínio da língua portuguesa oral e escrita, entre outros. Cabe às universidades suprir as lacunas anteriores, desenvolver o raciocínio lógico, as falhas culturais e formar o profissional. Muitos estudantes terminam os cursos de Licenciatura sem terem superado todos os problemas e, na prática educativa, não conseguem formar adequadamente seus alunos. Mal professores formam mal professores e cada vez temos menos bons professores.
Você gostaria de complementar a entrevista com outros comentários?
Talvez, apenas, lembrar que educação, cultura, saúde, condições econômicas e sociais não podem ser resolvidas separadamente.
Marina Soligo
Universidade Paulista